terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diarinho chega ao número 2000

O Diarinho, suplemento infantil do Diario do Grande ABC chegou ao nº 2000. Surgido em 1972, arregimentou fãs de várias gerações, trazendo erm suas páginas pautas inovadoras e assuntos até então inéditos para o universo infantil.
O site do Diário do Grande ABC disponibilizou um vídeo apresentado pelo historiador/pesquisador Ademir Médici, com depoimentos de quem fez e faz o Diarinho, incluindo várias capas, como a do nº1, de 02 de julho de 1972, com arte de Maurício de Sousa, que junto a sua equipe, colaborou na concepção do jornalzinho no início. Um clássico da região que merece essa longevidade.
http://www.dgabc.com.br/Videos/320/diarinho-chega-a-edicao-2000.aspx

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Set list de Paul McCartney inclui 22 músicas dos Beatles!

De acordo com as últimas apresentações da turnê de Paul McCartney, incluindo o aclamado show de duas semanas atrás em PoA, o provável set list para domingo (21) e segunda (22) no Estádio do Morumbi/SP contará com nada mais nada menos que 22 músicas dos Beatles! nem os próprios Beatles tocaram tantas músicas em uma noite só ( a Alemanha e o Cavern Club não contam - eles tocavam muitas coisas dos outros). A lista de fôlego de Sir McCartney ( vale lembrar que ele tem 68 anos) ainda inclui 18 canções pós-Beatles, muitas de sua fase setentista nos Wings. Certamente um show clássico que ficará na história. Para quem não conseguiu ingressos ou desistiu no meio do caminho ( como eu -a intenção era levar meu filho beatlemaníaco, mas a idade permitida me impossibilitou), resta a Globo, que como de praxe deverá cortar a apresentação a seu bel prazer, encaixando-a na sua grade inflada de anunciantes. Um pouco antes o Fantástico colocará no ar a entrevista com Paul feita pelo já tarimbado Zeca Camargo. Quem tiver assinatura do Multishow pode se sair melhor: o canal fechado embora seja da Globo, tem a grade mais solta e promete 1 hora de "best of" do show ( que tem aprox. 3 horas), a partir das 11h15 do domingo. Tenho certeza que aqueles que mataram Paul ainda nos anos 60, agora querem morrer, ao vê-lo mais 'live' do que nunca neste incomensurável 2010.

O set list ( Beatles com *)

Venus and Mars/ Rockshow
Jet
All My Loving*
Letting Go
*Drive my Car* ou Got to Get You Into My Life*
Highway
Let me Roll It/ Foxy Lady
Long and Winding Road*
1985
Let 'Em In
My Love
I've Just seen a Face* ou I'm Looking Through You*
And I Love Her* ou Two of Us*
Blackbird*
Here Today
Dance Tonight
Mrs Vanderbilt
Eleanor Rigby*
Ram On
Something*
Sing the Changes
Band on the Run
Ob-la-Di, Ob-La-Da*
Back in the U.S.S.R*
I've Got Feeling*
Paperback Writer*
A Day in the Life* / Give Peace a Chance
Let it Be*
Live and Let Die
Hey Jude*

1º Bis:
Day Tripper*
Lady Madonna*
Get Back*

2º Bis:
Yesterday*
Helter Skelter*
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band*
The End* 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Entrevista - ALEX REIS

A pedidos, segue a entrevista completa com o grande Alex Reis, baterista do Sá & Guarabyra, tal qual foi publicada no inaugural Cultura I . A repercussão foi incrível e o blog, naturalmente segue o jornal impresso, seu "irmão de sangue".


 Quando marquei a entrevista com Alex Reis no simpático café defronte ao Parque das Crianças, na Avenida Kennedy, não imaginei que ele fosse aparecer com três enormes álbuns de fotos nas mãos. Enquanto ele narrava os fatos referentes a cada imagem, eu cá com meus botões ia comprovando o que já se insinuava: ali na minha frente estava um instrumentista ainda jovem, mas com uma considerável bagagem de veterano. A franca conversa a seguir corrobora e carimba esta primeira impressão. ( Marcos Massolini)

C.I - Pra começar o nosso papo, Alex, nos dê uma breve ficha pessoal sua. Ano de nascimento, cidade em que nasceu, quando começou como baterista...
A.R-Nasci em 1972, em Santo André. Comecei a estudar música com 06 anos de idade. Meu pai era representante comercial,, então estava sempre mudando de setor, e a gente mudava de cidade sempre. Morei em São João da Boa Vista – comecei a estudar  violão clássico lá – depois fui para Franca, onde eu tenho família. Com 08 anos fui para o conservatório, onde também estudei  três  anos e meio de violão clássico. Entre 08 e 10 anos  comecei a estudar bateria. Com 10 anos, realmente, eu comecei a pegar firme mesmo, e de lá pra cá, só estudando. Eu ganhei meu primeiro cachê com 11 anos de idade e a partir daí virou minha profissão.
C.I – Você consegue identificar esses dois momentos distintos em sua vida: a primeira vez que você ouviu uma música e se viu apaixonado, doido por aquilo, e o momento em que você resolveu: “ vou ser baterista”?
A.R- Cara, é engraçado essa coisa. Vou responder a de querer ser baterista antes. Eu lembro que quando estudava violão clássico, começou a ter aulas de bateria no conservatório e por algum motivo, eu estava ouvindo música no carro do meu pai. Eu me lembro direitinho quando falei: “Pô, pai, eu quero tocar bateria... parece que é divertido”. De alguma forma, aquilo me tocou. “Tudo bem, filho, se matricula lá que eu pago”. Foi aí que começou tudo.  

C.I- Agora, a música, deve ser desde nenê...

A.R- Ah, música desde criancinha! Por isso não sei te responder com exatidão. Meu pai conta que aqui em Santo André eu tinha uma violinha – aquela mesma que você viu na foto – e eu não desgrudava dela. Entre bola e viola, eu preferia a violinha.

C.I – Já estava direcionado.

A.R- Já estava sim, nasceu aí o negócio. E foi bem natural.

C.I- Dos trabalhos seus lá no início, comecinho mesmo, qual foi aquele que mais te marcou?

A.R- É difícil de falar. Cada momento é uma curtição diferente, é uma situação que marca de alguma forma. Eu tenho uma memória muito boa; sou um bom observador. Eu me lembro de vários momentos da carreira e cada situação que acontece hoje em dia, eu associo com algo que aconteceu no passado. Eu falo, “poxa, por isso que hoje acontece assim”. Mas eu me lembro sim, de coisas importantes, como ter de negociar o primeiro cachê. Eu venho de uma família muito simples, meus  pais sempre me apoiaram  muito, com muitas dificuldades, mas sempre me apoiando. A gente viveu uma época no Brasil, onde era muito difícil conseguir instrumentos. Nossa, era a maior maluquice...não havia importação! Eu vejo hoje em dia  a molecada, que começa a ter aulas de música e dois meses depois, está com uma bateria importada.

C.I- Tudo à mão.

A.R: Tudo mais fácil. Então a gente ralava muito para conseguir as coisas. Mas todos os momentos foram incríveis. No comecinho da carreira foi legal quando comecei  realmente a ganhar meu dinheirinho tocando. Aquela graninha que eu pagava para ir ao cinema era meu dinheiro, aquele que eu tinha ganhado suando. Então tinha um tio que tocava forró e chorinho e me convidava pra tocar. Ele punha no cartaz: “venham ver o menino tocando...”

C.I- Talvez daí venha o seu ecletismo...

A.R- Com certeza. Minha família toda...meu pai é devoto de Folia de Reis, Santos Reis. Meu nome tem Reis por causa disso. Meu avô era catireiro. Assim, estou envolvido com essa coisa de música desde moleque. Ritmos do Brasil, manifestações populares do Brasil...

C.I-Neste primeiro período, você fez parte de uma banda de heavy metal. Você pode falar um pouco sobre a Azul Limão, dos anos 80?
A.R- Quando eu tinha uns 13,14 anos, na época do Rock in Rio I, vi Scorpions, AC/DC, Iron Maiden, Whitesnake...
C.I-Eu perdi esses... acabei indo no dia do Queen. Mas tudo bem, não foi nada ruim não.
A.R- (Ah ah) Foi legal. Mas quando vi tudo aquilo, me tocou de uma forma diferente. Meu pai, que mesmo vindo de Folia de Reis é um beatlemaníaco, me fez crescer ouvindo Beatles. Quando pintou a coisa do hard rock, que ficou muito forte no Brasil depois do Rock in Rio, cara, eu fui pro heavy metal . Era a praia – eu gostava muito de Yes, progressivo, e tinha uma banda chamada Indústria Heavy, lá em Franca. Um dia fui tocar num festival  no Rio e o Azul Limão abriu o show do Made in Brazil.  Depois eu fiquei sabendo que o baterista deles ia sair e  escrevi uma carta para o guitarrista, me prontificando a ir até o Rio. Me antecipei mesmo. O cara me convidou e eu fui, com 15 anos de idade, pro Rio de Janeiro, fazer  teste numa banda de heavy metal. Os caras tinham de 23 a 26 anos e eu acabei entrando na banda. Fiquei dois anos com o Azul Limão e conheci por essa época, 87, 88, todo mundo. Dorsal Atlântica....
C.I – e você era muito novo...
A.R – Moleque. Eu vejo hoje aluno meu com 15 anos e penso: “não acredito, que com a idade deste menino, fui pro Rio de Janeiro sozinho, com a bateria nas costas... e de ônibus!”.
C.I – e naquela época...
A.R- Pois é, tudo era mais difícil. Franca-Rio tem  800 km e eu viajava a noite inteira. Cheguei lá, fiquei na banda e conheci Robertinho do Recife, que tocava heavy metal na época, conheci um grande batera, Renato Massa, que é baterista do Ed Motta e também tocava metal. Pós-Rock in Rio, todo mundo tocava heavy. O Rio também serviu para abrir um pouco minha cabeça, pois quando eu cheguei lá, estava bem radical nesta coisa do metal e a galera do Rio não tinha isso. Eles tocavam hard rock, mas iam assistir Victor Biglione...
C.I- Eles pegam mais leve que em São Paulo...
A.R-Isso... e são mais ecléticos. Assistiam Stanley Jordan. Foi quando teve o 1º Free Jazz Festival, em 1987, no Hotel Nacional.
C.I-Eu assisti em São Paulo.
A.R: Os caras me falaram que ia ter um festival de jazz, tal, e eu reticente, dizendo que o meu negócio era metal – que jazz que nada. Com muito custo acabei indo. Quando cheguei lá, na primeira noite, fui assistir Lee Ritenour e Diane Schuur  com Vinnie Colaiuta na bateria.
C.I- Aquela improvisação toda...
A.R- Nossa! segundo show: Chick Corea Elektric Band, com David Weckl naquele dia eu vi que não queria tocar só heavy metal .
C.I- A sua profissão te levou a muitos países, seja em projetos ou cursos. Você pode contar algumas dessas experiências?
A.R- Eu tive a oportunidade de viajar a América do Sul praticamente toda, acompanhando grandes artistas. E fui algumas vezes pra fora lecionar. Fui convidado pra dar cursos na Espanha, em Portugal, fui convidado pra ir à França também, mas acabou não dando certo. Fui ao exterior para dar cursos de ritmos do Brasil, da nossa cultura, pesquisa que faço há mais de vinte anos.
C.I- E nessas, você foi conhecendo muitos profissionais de fora, né?
A.R- Muita gente de fora. É impressionante como eles realmente valorizam nossa música.
C.I- Às vezes até mais do que a gente aqui...
A.R- Santo de casa, né? O pessoal aqui não tem noção da riqueza que nós temos, do que nós representamos para o mundo em termos de cultura.


C.I- Um de seus grandes momentos como baterista aconteceu recentemente, quando você teve a oportunidade de trabalhar com o lendário trio Sá, Rodrix e Guarabyra. Como você travou contato com o trio e como foi a experiência em estúdio?

A.R- Eu fui indicado pelo Pepa D’Elia, o baterista que estava com eles, e gravou o disco ao vivo “Outra Vez na Estrada”, que era pra ser só um DVD e acabou virando CD também. Por causa da agenda dele com o Fábio Jr., ele me indicou pra tocar com o Sá, Rodrix e Guarabyra. Cara, pra mim, foi uma coisa fabulosa, porque, o que eu tenho de idade, eles têm de carreira: 38 anos – eles começaram no ano em que eu nasci, 1972. Então teve um significado especial pra mim, porque eu, no conservatório, já estudava as músicas deles. Sou fã. Antes de ser um músico, amigo, baterista deles, eu já era fã. Eu tinha ido várias vezes em shows. Da dupla, né? Não do trio, pois o Zé ficou afastado muito tempo – eu conheci o Zé pelo Joelho de Porco e por trabalhos solos dele. Quando eu fui convidado foi pra fazer a Virada Cultural, com o show “Passado, Presente e Futuro”, no Teatro Municipal de São Paulo. Então aquilo pra mim foi um momento mágico, de arrepiar.
C.I- E ali estava ao vivo o disco inteiro (Passado, Presente e Futuro, de 1972).
A.R – O disco todo. Naquele momento eles fizeram um show na íntegra do disco, do começo ao fim, que eles nunca haviam feito na carreira inteira, nem na época quando foi lançado. Foi fabuloso, porque teve orquestra de cordas,  metais (sopros), uma banda de apoio fantástica...
C.I- Que ano foi esse?
A.R- 2008. E a partir daí fiquei com eles até hoje. Mas a experiência de estúdio foi sensacional porque foi uma coisa diferente e inédita do que se faz hoje em dia. Quando eu comecei a gravar, na época de garoto, a gente gravava como nós gravamos este último disco: ao vivo. Com orquestra, todo mundo ao vivo, pré-produção, vários meses de ensaio, como tem de ser. O resultado não poderia ter sido melhor. Fora a experiência de ter convivido ali, com o trio. Oficialmente este, “Amanhã”, é o terceiro disco do trio. Quando eles voltaram com o “Outra Vez na Estrada” (2001), rolou mais uma regravação, né? Com exceção de algumas, como “Jesus numa Moto”...
C.I- É, acho que três ou quatro inéditas...
A.R- É, 80% de regravações. Esse agora foi um disco que nenhuma gravadora queria lançar, porque só tinha inéditas. Eles não queriam nada novo. Aí eles fizeram o disco e lançaram pelo selo do Roupa Nova, o Roupa Nova Records. O disco ficou muito legal.
C.I- Zé Rodrix faleceu repentinamente em 2009 e não viu o disco finalizado, né?
A.R-Ele ouviu as últimas mixagens, mas não chegou na remasterização. Não viu o produto acabado, com capa e tudo mais.
C.I- Como foi trabalhar com o compositor, arranjador e instrumentista Zé Rodrix?
A.R-o Zé...no começo eu não o conhecia pessoalmente. Era ligado no trabalho dele, sabia que ele tinha um gênio forte, perfeccionista. Ele era um cara que ou você amava ou você odiava, não tinha meio termo. Mas, eu posso dizer que adorei trabalhar com o Zé. No começo foi meio difícil entender como era o mecanismo e como era o ritmo dele; como ele lidava com o trabalho e como eles, os três, conduziam tudo. E o Zé sempre muito dinâmico, muito ativo...
C.I- Cada um com seu temperamento...
A.R- Sim. Era impressionante como os três ali se completavam neste sentido. Mas o Zé era um cara explosivo, enérgico,  e quem não conhece, no começo estranha. Pensa: “meu, o cara não tá gostando de alguma coisa”. Mas não, era o jeitão dele mesmo e eu fui aprendendo a conviver com o Zé. No começo eu pisava em ovos, realmente, mas sempre com a intenção de  poder  fazer o melhor possível, e sempre servindo. Essa é sempre a minha percepção e o meu direcionamento quando eu trabalho com um artista. O trabalho é dele, então se ele me convidou é porque de alguma forma eu posso contribuir, mas a palavra final é sempre dele. E aí a gente foi se conhecendo ao longo do trabalho. O que eu achei sensacional na gravação do disco “Amanhã” foi a liberdade que eles me deram.  Eles me davam cifras de piano e falavam: “Alex, o que você acha? Que groove, que batida a gente põe aí? Vamos fazer juntos”. E aí, claro, eu dava opções: “Podemos fazer assim, o que você acha...”. Ia dando esse leque de opções, com a liberdade de poder fazer o que eu estava sentindo ali, e claro, eles também tinham a liberdade de falar “não, isso não ficou legal, vamos mudar. Muda esse bumbo, põe essa caixa aqui...”. Aí no outro dia eu chegava com uma idéia nova. Quer dizer, uma liberdade com um baita respeito, não só comigo, mas também com o Fábio Santini, guitarrista, com o Pedrão Baldanza, baixista, o Constant  Papineanu e o Tiago Costa, ambos tecladistas. Eles sabem extrair o melhor de cada pessoa, deixando essa pessoa livre para criar junto.
C.I- Entre muitos dos seus projetos paralelos, existe um bem interessante relacionado a trilha de cinema...
A.R- Ah, o Eletromovie. O Eletromovie foi um grupo com o Lelê Maciel - Leandro Maciel, grande baixista e baterista da banda Cara de Pau. Trabalhamos juntos na Evolution, que é uma banda de eventos em São Paulo. O Lelê Maciel me convidou e convidou o Adriano Siqueira, guitarrista da Luiza Possi, que hoje tá morando na Suécia, pra que a gente montasse um trabalho voltado para o cinema. Porque a gente sempre nas viagens, vivia falando sobre filmes e conseqüentemente sobre trilhas, então pintou essa idéia. Convidamos a Simone Gutierrez, cantora, atriz, bailarina, multi-artista e tudo mais, e tava dando tudo certo, mas tivemos que dar uma parada no projeto justamente porque a Simone foi convidada e contratada para ser protagonista do Hairspray. Por causa disto  então, demos um corte neste trabalho. Mas a gente chegou a fazer vários projetos com o Eletromovie. A formação tinha o Edu Berton, que é um grande cantor aqui de São Caetano, professor também de canto e ator. A escolha do Edu e da Simone tinha tudo a ver com o projeto. O show era interativo, com a trilha rolando ao mesmo tempo que o vídeo e eles atuando e cantando. Aliás, o que esses dois cantam! Um projeto bem diferente. Tem também o Jô Borges, tecladista, e no lugar do Adriano Siqueira, entrou o Gian Gerbelli, outro grande guitarrista.
C.I-Um outro projeto diferente também é o Casa de Marimbondo. Conte sobre ele...
A.R-Esse projeto foi criado pelo professor Jayme Pladevall, que foi meu professor, do Pepa D’Elia e do Daniel Gohn, há uns vinte e poucos anos atrás.
C.I- Um mestre...
A.R- Mestre do pessoal. Tocou com toda essa turma da bossa nova e é um cara que está ainda na ativa. Tocou no Solar Trio, tem agora um quarteto que se chama Ipê Amarelo, um projeto fabuloso e tocou mais de 10 anos na Orquestra Sinfônica de Campinas. Continua morando em Campinas, mas está aqui em São Paulo sempre. Ele me convidou, convidou o Daniel e o Pepa pra que a gente montasse esse projeto, que ele já tinha em mente desde a época que tocava na sinfônica. Então a intenção foi fazer um quarteto contemporâneo de bateria, mas que não fosse uma coisa de exibição gratuita, mas musical. Musical e produtiva, com tudo escrito, como se fosse uma orquestra de bateristas. Eu entrei na terceira formação e foi nesta formação que a coisa tomou rumo, saindo um CD, que já existe há uns 5 anos. Estamos agora ensaiando para a gravação do segundo CD. O primeiro recebeu 4 estrelas e meia da revista Modern Drummer americana e fomos convidados a participar de vários festivais de percussão pelo Brasil, como o Festival Internacional de Tatuí e o Batuka! . É muito gratificante.
C.I-Você é professor de música há mais de 20 anos. É recompensador? O que um interessado deve fazer para ter aulas com o professor Alex Reis?
A.R- É recompensador em vários aspectos. Financeiramente, claro, para qualquer professor que faz um trabalho de nível, decente, e que precisa sustentar a família. Recompensador também como ser humano, pois eu procuro transmitir não só uma profissão, mas uma experiência de vida. E aí eu vejo muitos alunos hoje que são professores, vivem disso, sustentam a família tocando. Não tem preço. Por outro lado, eu entendo também que a juventude está muito mal acostumada, e isso vale pra qualquer instrumento. Não há disciplina, não existe dedicação, muitos desistem logo. Querem tudo num piscar de olhos. Ser professor é fabuloso por isso. Aprende-se muito e ao mesmo tempo é uma missão de vida.
O aluno que pretende ter aulas comigo pode ligar para o (11) 7218 1183 ou entrar em contato pelo e-mail alexreismusico@yahoo.com.br . Também vale a pena uma visita no blog www.blogdoalexreis.blogspot.com .

C.I- Pra finalizar, gostaria de saber sua opinião, como residente em São Caetano do Sul, sobre a música e a cultura da cidade.

A.R- Quando saí de Franca e escolhi  São Caetano para fixar residência, escolhi a cidade porque tenho grandes amigos músicos aqui como o saxofonista Amílcar Lobôsco, o baterista Duda Moura e o compositor Paulo Daflin . Em segundo lugar, porque sei da seriedade com que tratam a cultura. E eu, que venho de fora, sempre soube da qualidade do pessoal daqui e ouço os artistas falarem, sempre muito bem, dos músicos de São Caetano.  A cidade  é muito bem vista e respeitada pelo meio artístico. Mas por trabalhar com música instrumental tenho também a visão de que faltam iniciativas para promover eventos e festivais em prol desta categoria. Porque não há iniciativas para festivais de Jazz e música instrumental brasileira,  por exemplo? Temos excelentes músicos de ” instrumental” , mas que se apresentam mais fora do que dentro da cidade. Gostaria muito de fazer shows instrumentais aqui. Cria-se um público novo, e a população ganha muito com isso. Mas fora esta lacuna, a cidade é muito bem estruturada e culturalmente forte.

C.I- Alex, muito obrigado por este papo tão abrangente. Valeu!

A.R- Valeu vocês! Quero agradecer ao Mastrotti e a você, Malu, por esse convite. Fiquei muito feliz e honrado. Desejo muito sucesso ao Cultura I e que o veículo se torne um divisor de águas na cidade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Figurinhas e Figurões

Herdei o chamado “bichinho das coleções” do meu pai. Também pudera: Seu João Massolini, é e sempre foi um contumaz colecionador  e entre suas preciosidades, devidamente guardadas em armários mágicos de sua casa em São Caetano, saltam aos olhos exemplares dos primeiros tempos de O Pato Donald, fascículos diversos da Abril Cultural, Edições Maravilhosas da saudosa Editora Brasil-América e álbuns de figurinhas da década de 50. O vistoso álbum Ídolos da Tela, (imagem em destaque, acima) é um deles. Nos anos 50, o rádio ainda imperava com força, pois a televisão engatinhava e tropeçava na inexperiência de sua primeira infância. Se o rádio era o rei do lar, as salas de cinema eram a grande atração do fim de semana dos enamorados. Ao lado de revistas como Cinemin, Cinelândia e Cine-Fan, algumas editoras como Vecchi e Agência Portuguesa de Revistas editavam álbuns de cromos com praticamente todos os atores e atrizes que se destacavam no ano referente. Como as figurinhas eram dispostas aleatoriamente, sem ordem alfabética ou divisão por nacionalidade, as páginas desses álbuns eram bem "democráticas", incluindo lado a lado, homens e mulheres, atores consagrados e estreantes, brasileiros, italianos e principalmente americanos. Seu João, um cinéfilo inveterado, tem por estes álbuns um enorme apreço.
O mesmo apreço vem de sua vizinha de rua no Bairro Barcelona, Sílvia Engelmann, dona de uma considerável coleção de Seleções de Reader’s Digest que comporta exemplares do final da década de 30 até os anos 90. Dona Sílvia também guardou por anos o belo álbum da Editora Vecchi, “A Dama e o Vagabundo”, com toda as cenas ilustradas do clássico filme de animação da Disney de 1955 (foto acima). Atualmente este tesouro está sob os cuidados do seu filho caçula, o radialista Léo Engelmann, outro aficionado pela “arqueologia cultural”.  
E representando a novíssima geração, meus filhos Gabriel, 11 anos, e Letícia, 9 anos, já têm coleção própria, iniciada há uns 6 anos por influência minha: Bob Esponja, Princesas Disney, Betty Boop, Heróis Marvel, entre outros, e claro, o disputado álbum oficial da Fifa - Copa do Mundo 2010. Somando estes aos meus – focados principalmente em personagens animados e dos quadrinhos - e aos do Seu João, tem-se uma coleção de três gerações, perfazendo 60 anos de cromos ilustrados. E pelo que vimos ultimamente, havendo futebol, cinema, desenhos animados e ídolos pop, a febre das figurinhas vai perdurar por muito, muito tempo ainda.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Lançamento do Cultura I

O lançamento oficial do Cultura I aconteceu um pouco antes da eleição e do feriado, na aconchegante Ibérica Idiomas. Na trilha de fundo, Paul McCartney e o melhor do Festival da Ilha de Wright. Nas taças, o excelente vinho da Alianza, diretamente do Vale do São Francisco. Na decoração, a caprichada cenografia de Halloween criada por Henrique. O resultado não poderia ser outro: uma animada reunião que misturou familiares, amigos e patrocinadores e uma sucessão de assuntos sintomáticos e ecléticos, indo de música e política à insetos e psicologia. Uma grande noite!

Marcos Massolini, Henrique Valsésia e Mario Mastrotti - "The Impossibles"

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nasce o Cultura I !

Que rufem os tambores! o Cultura I deu o ar de sua graça e já está solto na praça. Com 2.000 exemplares distribuidos estrategicamente em pontos culturais do ABC*, essa nova publicação surge com o intuito de preencher uma lacuna que há tempos vem sendo menosprezada pela imprensa da região: a cultura.
Tudo começou quando, entre tantas outras idéias de projetos, colocamos o assunto em pauta e chegamos a uma conclusão incondicional: embora pipoquem diversos jornais regionais, alguns de boa qualidade, outros sofríveis, o foco de 90% dessas circulações recai sobre a política e o futebol. Existem notícias culturais? sim, mas sempre de forma superficial, geralmente pautada na programação oficial da prefeitura. Partindo deste pressuposto, botamos a mão na massa para dar forma a uma publicação diferenciada, e o resultado está aí: Cultura I, informativo cultural independente, que já no 1º número mostra ao que veio, trazendo uma entrevista extensa com Alex Reis, baterista da dupla Sá & Guarabyra que mora em São Caetano e tem muita história pra contar, além de abordagens inéditas e inusitadas sobre temas como quadrinhos ( 100 anos sem Ângelo Agostini) , línguas (expressões idiomáticas americanas)  comportamento & saúde ( sete maneiras de levar uma vida saudável), personalidades memoráveis ( Milton Andrade - uma vida dedicada à cultura) e colecionismo (figurinhas). Outra intenção que colamos ao projeto desde o início foi a criação simultânea de um blog com matérias sequenciais aos da publicação impressa, além de posts inéditos com o mesmas propostas da sua irmã de papel. Como bem escreveu Mastrotti no editorial impresso, "Cultura I é mídia impressa e blog interligados, feito pra você, que pensa e faz acontecer". Portanto, participem, critiquem, opinem, comentem - o Cultura I,  seja impresso ou eletrônico, quer desbravar o universo rico e inexplorado que é a cultura e a memória do ABC, e vocês, caros leitores, são sem sombra de dúvidas, os reais protagonistas.